Tuesday, January 27, 2009

Ensaio Sobre as Mastigadas

Estava eu a almoçar, quando vieram me falar para mastigar 30 vezes a comida, por que eu comia muito rápido. Daí eu parei pra contar quantas vezes eu mastigava a alface, e descobri que é menos que 20.
Entretanto, eu tenho mais dentes que a maioria das pessoas, visto que tenho os 4 sisos. Assim, cada mastigada minha vale mais que uma mastigada qualquer, e conseqüentemente, não preciso mastigar 30 vezes cada garfada.
Outra coisa que me incomoda é o fato de que diversas vezes meu prato está cheio de salada. Mas salada tem uma textura e resistência que exige menos mastigadas. Mais ainda, só pelo fato de eu estar comendo salada já deveria ser recompensado com menos mastigadas obrigatórias.
Para concluir, vejo como uma fraude esse esquema de mastigadas, quando me deparo com situações como o bife de contrafilé que comi semana passada. Quando chega na parte da gordurinha, tem uma pelanca junto, e é necessário que mastiguemos pelo menos umas sessenta vezes, e quando nossa mandíbula não agüentar mais mastigas, iremos engolir um pedação grande ainda, e fazendo de conta que está bem mastigadinho.
Por isso, estou aqui lançando a nova regra:
Salada pode ser mastigada apenas 15 vezes. Se for alface, 10. Rúcula, radicci e agrião menos que isso. Chuchu cozido e batata quase desmanchando então, só uma esmagadinha no céu da boca, e deu. Se o rango estiver acompanhado com qualquer tipo de carne que contenha pelancas, o macarrão poderá ser engolido meio inteiro mesmo. E assim por diante.

Espero ter aliviado a consciência de muita gente, visto que não acredito que as pessoas realmente mastiguem 30 vezes cada garfada.

Beijos

Wednesday, January 21, 2009

Algo para toda a vida

Acho que quando eu parar de querer ser bom e fazer o bem, pode ser que acreditem que assim sou. Porque quem tenta assim parecer, pode conseguir. No entanto, quando a gente não tenta ser diferente do que realmente somos, não escondemos nada que diga o contrário. Não escondemos as fotos que não mostram o que não aconteceu, mas dizem isso, aos que assim preferem acreditar. Mais ainda, não escondemos as fotos que mostram o que houve, e não há mais. E não classificando como mais ou menos importante, não deixamos de acreditar que as pessoas podem estar em busca de algo para o resto da vida, por um motivo que outra pessoa possa dizer o contrário, por mais que não tenhamos visto.
Com isso, não importa o que eu digo, pois eu dizer que é verdade não é suficiente. Menos ainda, não importa, nem serei ouvido, por que antes de eu dizer a verdade para depois dizer que é verdade, não acreditarás quando digo que a premissa falsa, e nem ouvirás a verdade. Assim, não importa se estou sozinho, pois a verdade não é suficiente. Mas a verdade é que eu estou sozinho, porque outras não foram suficientes, ou porque tu, uma, poderia ser suficiente.
Mas nem sei ao certo. Essa história toda, a mim parece uma grande desculpa, ou espera que eu te peça em casamento? Pois outra opção não há, senão que não estás a procurar algo para toda a vida. Não que não esteja, mas que não sabe, ou não acredita que possa acontecer. Assim, não me admira que não acredite em mim, pois apesar de ser um desafio prazeroso, não seria agradável passar o resto da vida tendo que provar que só quero o bem.
Nem te preocupa, que não vou te pedir em casamento. Não agora, pelo menos. Mas não sei se és quem quero para toda vida. Tu sabes disso? Que sim ou não? Tens certeza? Sei que estou tentando e que por enquanto não posso dizer que não. Sei também que eu acredito. Sei também que eu não minto. Sei que quero o bem.
Isso, eu não teria que dizer. Isso eu não queria dizer. Queria que acreditasse, acima de tudo. Antes de tudo. Queria quisesse ao menos me ouvir. Sei que eu diria a verdade. Sei que eu diria o que aconteceu comigo. Que não digo o que não sei. Que não digo o que não aconteceu aos outros.
O que me importa, é que queria que acreditasse em mim, sem que eu pedisse que acreditasse.
O triste, é que nem te mostrarei esse escrito, por que se mostrar, é o mesmo que pedir que acredite. E se eu pedisse, não seria aquilo que procuro para toda vida.
Foi um dos dias mais tristes dos últimos tempos, e para não ser pior, preferiria que o beijo que mando, fosse para alguém que não o lesse.

Beijo

Monday, January 12, 2009

Abandonados

Há homens que abandonam, e os que são abandonados.
Eu costumava ser um desses que é abandonado, o que é uma posição horrível, porque ninguém gosta de ser abandonado, no entanto é uma posição cômoda, visto que não estamos nós suscetíveis a erros próprios, nem a arrependimentos posteriores.
No entanto, sinto, agora que sou forçado a abandonar, que é mais incômodo sentir que alguém está submetido a aquele sofrimento que já passei, quando na qualidade de abandonante, do que propriamente ser abandonado.
Acho que isso acontece porque no momento que abandonamos, acabamos por nos dar conta que aquilo que acreditávamos ser tão simples, que seria aqueles que nos abandonaram dar um passo atrás e acolher-nos de volta, não é assim tão simples. Nesse momento vivemos na pele o ato de abandonar, e acabamos entendendo como aquela pessoa de quem a gente gostava tanto nos abandonou e não quis mais voltar com a gente. E compreendendo isso, devemos nos sentir tão culpados, quanto qualquer um a quem já creditamos culpa por nos ter abandonado.
Assumir essa culpa, é o mesmo que legitimar os abandonos que já sofremos, e assim teremos que dar razão para aqueles que já nos abandonaram, visto que nem nós próprios conseguimos resolver o problema da felicidade e continuar com aquela pessoa que gosta de nós. Ou gostava.
Vejo que as coisas tornam-se cada vez mais confusas, visto que em dado momento nem nós mesmos conseguimos a manutenção do padrão de felicidade quando esse depende apenas de nós.
Com isso, espero retornar ao lado abandonado. Não que eu vá ficar feliz com isso. Sei que continuarei triste. E isso também não quer dizer que eu queira que as mulheres me abandonem. Mas que não terei que enfrentar o peso de ser o causador do sofrimento alheio, bem como o meu próprio, juntamente com a falência romântica. E o mais importante de tudo: não justificarei nem terei de aceitar ser abandonado.