Monday, January 12, 2009

Abandonados

Há homens que abandonam, e os que são abandonados.
Eu costumava ser um desses que é abandonado, o que é uma posição horrível, porque ninguém gosta de ser abandonado, no entanto é uma posição cômoda, visto que não estamos nós suscetíveis a erros próprios, nem a arrependimentos posteriores.
No entanto, sinto, agora que sou forçado a abandonar, que é mais incômodo sentir que alguém está submetido a aquele sofrimento que já passei, quando na qualidade de abandonante, do que propriamente ser abandonado.
Acho que isso acontece porque no momento que abandonamos, acabamos por nos dar conta que aquilo que acreditávamos ser tão simples, que seria aqueles que nos abandonaram dar um passo atrás e acolher-nos de volta, não é assim tão simples. Nesse momento vivemos na pele o ato de abandonar, e acabamos entendendo como aquela pessoa de quem a gente gostava tanto nos abandonou e não quis mais voltar com a gente. E compreendendo isso, devemos nos sentir tão culpados, quanto qualquer um a quem já creditamos culpa por nos ter abandonado.
Assumir essa culpa, é o mesmo que legitimar os abandonos que já sofremos, e assim teremos que dar razão para aqueles que já nos abandonaram, visto que nem nós próprios conseguimos resolver o problema da felicidade e continuar com aquela pessoa que gosta de nós. Ou gostava.
Vejo que as coisas tornam-se cada vez mais confusas, visto que em dado momento nem nós mesmos conseguimos a manutenção do padrão de felicidade quando esse depende apenas de nós.
Com isso, espero retornar ao lado abandonado. Não que eu vá ficar feliz com isso. Sei que continuarei triste. E isso também não quer dizer que eu queira que as mulheres me abandonem. Mas que não terei que enfrentar o peso de ser o causador do sofrimento alheio, bem como o meu próprio, juntamente com a falência romântica. E o mais importante de tudo: não justificarei nem terei de aceitar ser abandonado.

8 comments:

Rita Queiroz said...

beh... mas admitir que não da certo é mais correto do insistir no erro.

Mariana said...

Tu colocou o texto!
Amei!
Beijos meu amor...e concordo cntg, ainda prefiro ser abandonada do que o peso de abandonar!

Ricardo Leitão said...

ai ai né...

Unknown said...

Goethe não fez melhor. Agora esperemos a onda de suicídios por causa desse texto.

Ricardo Leitão said...

Bahhhhhh.. Ingrid, tu é uma gênia!
Tu falou em Goethe.. e eu fui ler um pouco sobre ele. Diz a wikipedia, que em certo ponto de sua vida ele se entregou aos excessos da vida boêmia.
Liguei os pontos, que me dei conta que os meus textos que eu mais gosto, vêm logo após algum excesso boêmio cometido por mim. Assim, acho que vou me entregar logo de inteiro para a vida boêmia... quem sabe não me torno um Goethe..

Beijos

Rita Queiroz said...

Sobriedade é para poucos.

ANGELICA LINS said...
This comment has been removed by the author.
ANGELICA LINS said...
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